Fernando Martins Zaupa. Promotor de Justiça no Estado de Mato Grosso do Sul.Especialista em Direito Constitucional .

sábado, agosto 20, 2011

Mas doutor, o que nós queremos é um atestado de virgindade da menina...

Atestado de virgindade




Hoje conheci dois juízes substitutos, recém-ingressos na magistratura e, após conversarmos sobre as experiências de início de carreira, fui para casa lembrando-me de algumas passagens...

Eis uma delas:

Entra na sala da promotoria uma adolescente, com seus dezesseis anos, acompanhada de sua mãe.

Ao indagar do que se trata, a senhora desanda a falar que estão a difamar sua filha no bairro, manchando a reputação de sua família, dizendo que a menina era isso, aquilo e outros termos que nem na nova novela das dez costumam dizer!

Após orientar os procedimentos que a senhora e sua filha deveriam tomar, eis que a senhora manda:

“Mas doutor, o que nós queremos é um atestado de virgindade da menina, pra esfregar na cara daquele povo!”

Tentei explicar sobre a... vá lá... impropriedade (ufa!) do pedido, que a agitada mãe me fazia...

Tudo em vão!

Após insistência e cenas da senhora, veio-me trazer ao plano real ‘a busca da pacificação social’ (sei...), e resolvi dizer a mãe que ante sua intensa preocupação, iria estudar o que fazer, para posteriormente entrar em contato.

Após alívio e satisfação tomarem conta de seu rosto, a mãe me agradeceu e se despediu, saindo junto a filha, dizendo ‘tá vendo, vamos mostrar pra essa gente, blá blá...’

Quando saiam da sala, com a mãe já virando para fora, a filha, rapidamente, olha para trás e me balbucia, como que para eu ler seus lábios, passando a mão sobre a barriga: ‘não faz não... estou grávida!!’ e sai de uma vez!

Uns dois dias depois, fui enviado para outra cidade, na nômade vida de promotor substituto...
Mas certamente outro colega deve ter assumido o caso e obtido um ‘atestado’..
...de nascimento!

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